quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Empatia


“Capacidade psicológica de sentir o que sentiria outra pessoa. Se colocar no lugar do outro.”
Nos meus cursos e palestras, assim como na minha vida, venho pregando o uso da empatia como solução para uma comunicação efetiva, assim como o primeiro passo para o entendimento e atendimento das necessidades do outro.
Até hoje, achei que estava conseguindo algum sucesso no meu afã.
Acontece que, agora em janeiro, fiz uma cirurgia para colocação de uma prótese no meu joelho castigado há mais de 30 anos por uma artrose. Durante a recuperação desta cirurgia, me deparei com algumas limitações de locomoção que me levaram a, no sentido das palavras, reaprender a andar. Aí começaram as minhas dificuldades que me levaram as reflexões, agora descritas.
Na primeira vez que tentei sair do meu prédio, sozinho, com auxilio de um andador, verifiquei que isto era impossível, devido à rampa com declive longo e acentuado ou a escada, outra opção apresentada. Eu só tinha como sair de carro, com ajuda de um motorista, já que não consigo dirigir, descendo a rampa da garagem.
Com o desenvolvimento da minha recuperação, já andando de bengala, podendo descer a escada, me atrevi a empreender uma caminhada até a esquina da minha rua. Mais uma aventura: a calçada esburacada é um constante perigo para o caminhante. As rampas de garagem e mesmo da calçada, comprometem o nosso equilíbrio a todo o momento. Nada disso se compara com o susto que levei com um motoboy, de moto em cima da calçada, que quase me arrancou o traseiro, num total descaso com a prioridade de quem transita na calçada. Um pouco mais a frente, automóveis estacionados em cima da calçada, em baixo da marquise, deixam um pequeno espaço para o transeunte, entre seu pára-choque e a árvore plantada. Isto tudo sem contar com as pessoas que caminham num passo apressado e quase te derrubam, sem se importar a mínima com sua condição debilitada.
Tudo isto que acabei de relatar se deu no longo trajeto de 70 metros, que separam a portaria do meu prédio da esquina.
Isto me levou a refletir sobre a percepção que temos das necessidades dos nossos semelhantes.
Explico: por diversas vezes, em reuniões de condomínio foi abordada a necessidade de melhorar o acesso dos idosos, que são muitos no prédio, e daqueles com necessidades especiais. Eu, algumas vezes até, como componente do Conselho Fiscal, dei menor importância ao fato, priorizando outras medidas que julgava mais urgentes. Quantas vezes andei apressado pelas calçadas, me aborrecendo com transeuntes mais lentos que atrasavam meus passos. Em diversos momentos, ao passear com a minha cadelinha, deixei sua guia esticar, atrapalhando e fazendo desviar do trajeto, os outros pedestres.
Ou seja, foi preciso que eu sofresse algum tipo de restrição no meu caminhar para que, realmente, me colocasse no lugar do outro e sentir o que ele realmente sente e não o que eu imagino que ele sente.
Estas linhas me servem de reflexão e de alerta para que possa analisar com mais critérios as reais necessidades de nossos semelhantes, sem precisar que passe pelas mesmas necessidades e, de agora em diante, me proponho a empenhar cada vez mais para usar da “real” EMPATIA, como ferramenta de auxilio para tornar a vida do nosso semelhante mais fácil de ser vivida.

José Luciano Silveira Furtado