segunda-feira, 28 de março de 2011

Como driblar o imposto maior sobre gastos com cartão

Governo elevou o IOF para as compras com cartões internacionais; agora é mais vantajoso comprar dólar ou usar cartão de débito pré-pago na hora de viajar

Julia Wiltgen, de
São Paulo - Um decreto publicado nesta segunda-feira (28) aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 2,38% para 6,38% nas compras feitas no exterior com cartões de crédito internacionais. Depois dessa medida, ficou ainda mais vantajoso comprar moeda estrangeira antes de embarcar para outros países em vez de se valer do cartão internacional para fazer compras durante a viagem.
As boas opções para o turista são os cartões de débito pré-pagos em moeda estrangeira (nas bandeiras Visa, Mastercard ou American Express), o próprio papel-moeda (seja dólar, euro ou outra) e os travelers cheques. Nesses casos, o comprador de moeda vai pagar apenas 0,38% de IOF - ou 6 pontos percentuais a menos que no cartão de crédito.
Antes da medida do governo, não era muito vantajoso utilizar esses instrumentos porque o câmbio de conversão é o dólar turismo - que, em geral, embute um spread de cerca de 10 centavos de real sobre o dólar comercial, utilizado na cobrança do cartão de crédito. Via de regra, agora o cartão de crédito será o meio mais caro. Se antes o IOF de 2,38% já pesava, a de 6,38% praticamente inviabilizou qualquer vantagem financeira.
Isso porque, além do IOF mais alto, o plástico está sujeito às oscilações da moeda, uma vez que a conversão para reais leva em conta a taxa de câmbio do dia da fatura, e não do dia da compra. O usuário acaba não tendo como mensurar essa variação ao efetuar a compra, e pode pagar muito mais em reais do que pagaria se tivesse utilizado qualquer outro meio pré-pago.
Mesmo utilizando o câmbio turismo, o dinheiro vivo, os cheques de viagem e os cartões de débito pré-pagos são agora opções normalmente mais baratas que os cartões de crédito internacionais. O papel moeda ainda tem a desvantagem da falta de segurança no transporte, mas esse mal não afeta os cheques e os cartões pré-pagos, bem mais seguros em caso de perda ou roubo.

Em relação ao cartão pré-pago, porém, há uma ressalva. Caso o viajante resolva sacar o dinheiro em um caixa eletrônico, terá de pagar ainda uma taxa de saque.  Fugir do alto imposto cobrado no cartão de crédito internacional, porém, é uma opção disponível apenas a quem viaja no exterior. Quem costuma comprar pela internet em sites estrangeiros terá de encarar o IOF de 6,38% de qualquer maneira.
 
Fazendo as contas

É difícil afirmar categoricamente que as compras realizadas com papel moeda, cheques de viagem ou cartões de débito saem mais baratas que aquelas feitas com o cartão de crédito internacional. Isso vai depender muito da diferença entre o câmbio comercial e o câmbio turismo.
Se a taxa comercial do dia da fatura do cartão de crédito for semelhante ou mais alta que a taxa turismo do dia de compra da moeda estrangeira, qualquer meio pré-pago sairá definitivamente mais em conta. Se, por outro lado, a taxa de câmbio do cartão de crédito for significativamente menor que a taxa turismo do dia da compra de moeda estrangeira, o cartão internacional ainda será a melhor pedida.
Como escolher, então? Simples. Quem optar pelos meios pré-pagos deve ter alguma perspectiva de como anda a moeda estrangeira em questão. Se a perspectiva for de alta, vale mais a pena apostar nos meios pré-pagos; se for de baixa, o cartão de crédito pode ser mais vantajoso. Ainda assim, para quem vai levar o cartão internacional na viagem, vale a pena conferir, se possível, como anda o câmbio antes de realizar uma compra grande.
Para Alexandre Fialho, diretor de planejamento do Banco Rendimento, principal emissor do cartão pré-pago Visa Travel Money, o IOF maior só serviu para destacar ainda mais a vantagem dos cartões pré-pagos sobre os cartões de crédito, já que antes já havia uma diferença de 2% entre os IOFs dos dois meios de pagamento.

 Segundo Fialho, a maior vantagem de quaisquer meios pré-pagos é proteger o dinheiro contra as oscilações cambiais. “Tirando os financiamentos, os cartões de débito pré-carregados têm todas as facilidades dos cartões de crédito. Agora, a diferença do IOF se tornou significativa. O cartão de crédito acabará se tornando meio de última necessidade para quem viaja”, acredita Fialho.
 
Veja uma simulação com os quatro meios de pagamento em moeda estrangeira:
Imagine uma pessoa que vá viajar para os Estados Unidos. Ela decide adquirir dólares com antecedência para não depender do cartão de crédito internacional durante a viagem. O dólar turismo vale, no dia, 1,65 reais. Se o viajante decidir fazer uma compra de 2.000 dólares, veja quanto ele vai pagar em cada caso:
Dinheiro vivo, travelers cheques ou cartão pré-pago na função débito: 2.000 dólares + 0,38% de IOF = 2.007,60 dólares. O equivalente em reais será de 3.312,54 reais.
Cartão pré-pago na função saque: a taxa máxima cobrada por saque dos cartões disponíveis hoje no Brasil é 2,50 no valor da moeda carregada no cartão. Nesse caso, uma compra de 2.000 dólares sairia a 2007,60 + 2,50 dólares = 2010,10, ou 3.316,66 reais, quase o mesmo gasto nos três casos anteriores
Cartão de crédito internacional: numa compra no valor de 2.000 dólares, com IOF de 6,38%, o valor total sairia por 2.127,60 dólares. A taxa utilizada na conversão para reais é o câmbio comercial da data da fatura, o que deixa o produto exposto às oscilações do câmbio.
Se, na ocasião, o dólar comercial estiver mais baixo que o dólar turismo usado nos meios de pagamento acima – digamos, 1,55 reais – o usuário pagará o equivalente a 3.297,78 reais, valor menor que nos quatro casos anteriores. Mas se o dólar comercial estiver a 1,65, a mesma taxa utilizada nos demais meios de pagamento, o valor total da compra será equivalente a 3.510,54 reais, o valor mais caro de todos.

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