quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

De quem é a culpa?

Nesta semana, terminamos um treinamento, sobre “Habilidades Básicas e Gerenciais”, onde discutimos o texto: “De quem é a Bola?”, sobre a responsabilidade por todo o mal do mundo. Passamos a “Bola” para Adão e Eva, para o Governo, para o Sistema, para Pais e Mães e para a Escola. No final, propusemos uma discussão em grupo, para que pudéssemos definir de quem era a “Bola”, ou seja a culpa pelos males que nos assolam.

Após meia hora, os quatro grupos de seis pessoas cada, chegaram a uma decisão unânime de que a “Bola” era de todos, Governo, Sistema, Pais Mães e Educadores, mas principalmente de cada um de nós. Acaloradamente expuseram que nós temos a maior parcela de culpa por tudo de mal que tem acontecido.

Estranhei o consenso entre os vinte e quatro alunos e a forma que defendiam esta idéia e aproveitei o ensejo para propor mais um exercício: “De quem é a culpa de nosso desemprego?” - já que a maior parte dos participantes estava em busca de qualificação para se engressar no mercado de trabalho.

Após o mesmo período da primeira discussão, os grupos se apresentaram, ainda mais acaloradamente, dizendo que a “Culpa” era do Governo, Situação, Tecnologia e principalmente dos Empregadores que investiam em tecnologia, o que diminuía os postos de trabalho e os discriminava quanto a escolaridade, aparência, cor e principalmente pela falta de experiência.

Depois de ouvir com atenção, perguntei a eles se nós também não temos uma parcela de culpa, pela nossa falta de qualificação, de atualização e principalmente pela nossa inércia, ao ficarmos esperando que as coisas aconteçam ao invés de fazermos acontecer. Se os mesmos não estavam percebendo que a primeira proposta de discussão era idêntica a segunda, pois o maior mal por que eles estavam passando, agora, era o desemprego? Falei que: como profissional, achava que não faltam empregos mas sim pessoas qualificadas para preenchê-los.

Só faltaram me agredir. Não aceitaram de maneira alguma a sua cota de culpa no seu desemprego. Todos se julgavam muito bem preparados e intencionados e não houve argumentos que os fizessem mudar de opinião naquela hora – ainda bem que até o final do curso consegui alguns avanços.

O que mudou entre a primeira e a segunda proposta de discussão? Nada ao nosso ver, mas para eles, as mazelas do mundo se apresentam como coisas distantes, ouvidas em noticiários de televisão – quando ouvem. A sua alienação os faz distantes deste mundo proposto na primeira discussão, sendo que o desemprego é um fantasma que está ali presente no seu dia a dia e este sim é visto e sentido por todos eles, que se julgam vítimas desta situação apresentada. Assim sendo, quando propomos a sua parcela de culpa pelo que vem acontecendo, os mesmos se rebelam e não reconhecem esta parcela sobre hipótese alguma e este não reconhecimento implica numa não mudança de atitude que os manterá na mesma situação em que se encontram hoje.

Pergunto agora aos caros leitores, de quem é a culpa da situação descrita acima? Será que é só deles, do Governo, da Situação do País, dos Pais, Mães, Educadores ou de cada um de nós, Profissionais, Empresários, Pessoas Esclarecidas, que vemos esta situação como coisa distante, dados estatísticos, apresentados nos noticiários dos jornais e revistas?

José Luciano S. Furtado - joselu@woli.com.br

www.woli.com.br


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