quinta-feira, 10 de maio de 2012

Novo Perfíl do Consumidor Brasileiro - Fonte: GS&MD – Gouvêa de Souza


Tudo fica mais fácil quando se consegue provar com números as sensações que verificamos no nosso dia a dia. O consumidor brasileiro de hoje está mais preparado e com mais dinheiro no bolso para gastar. Os números do Censo 2010 divulgados pelo IBGE fornecem o respaldo suficiente para atestar estas afirmações. Vamos observar com atenção os números abaixo:

-  O Brasileiro ganha mais. Em 10 anos, a renda média nacional passou de R$ 1.275,00 para R$ 1345,00, significando um ganho real, acima da inflação, de 5,5%. No rendimento médio domiciliar, ou seja, das famílias, o ganho foi de 15,5%, já que a renda média passou de R$ 2.297 para R$ 2.653.

O Nordeste é uma região em expansão de consumo. O ganho médio do rendimento da família nordestina foi o maior verificado no período, com crescimento de 25,5%, atingindo     R$ 1708 em 2010.

As mulheres cada vez mais assumem o comando do consumo já que seus salários cresceram 13,5% enquanto o ganho dos homens subiu apenas 4,1%.

A conveniência é um atributo cada vez mais definidor na preferência de uma loja, sendo esta definida fundamentalmente como proximidade do local de trabalho ou de moradia. Em 2010, 32,2 milhões de brasileiros demoram entre 6 e 30 minutos para chegar ao trabalho e 7 milhões levam mais de uma hora. Cada vez menos tempo disponível para as compras.

As famílias estão menores, já que a taxa de fecundidade apresentou queda de 20,1% em dez anos. As brasileiras tinham, em média, 2,4 filhos em 2000 e passaram a ter 1,9 em 2010. Esta taxa de 1,9 significa que nem o próprio casal que gerou seus filhos estará sendo reposto no futuro, apontando para um envelhecimento em médio prazo do povo brasileiro.

 - O consumidor está mais preparado para comprar. Em 10 anos caiu de 5,5% para 3,1% o número de jovens entre 7 e 14 anos fora da escola. Na faixa adolescente ente 15 e 17 anos, a quantidade de jovens fora da escola era de 22,6% e passou para 16,7%. Da mesma forma, o número de pessoas com pelo menos um curso superior completo passou, no mesmo período, de 4,4% para 7,9%. Mesmo com questionamentos em relação à qualidade dos cursos universitários, são pessoas que, de alguma forma, se preparam mais.

O Brasil se internacionaliza cada vez mais, ou seja, em 2010, o País recebeu 268,5 mil imigrantes internacionais, 86,7% a mais do que em 2000 , sendo os principais países de origem dos imigrantes os Estados Unidos (51,9 mil) e Japão (41,4 mil), coincidentemente países que há décadas se transformaram em sonho de destino de brasileiros.

Muitos hão de se questionar que os movimentos de crescimento verificados ainda são tímidos e não há como negar, principalmente se verificarmos que a renda média domiciliar norte-americana, mesmo considerada a crise, é 4 vezes maior do que a brasileira, ou então que dentre a população acima de 18 anos, 33,1% dos jovensyankees estão na universidade. Por outro lado, nossa taxa de desemprego é 4 vezes menor do que a espanhola e a metade da italiana. E nosso PIB vem crescendo a taxas superiores do que as dos países europeus.

O importante é saber que estes avanços, mesmo que ainda pequenos em relação ao que tem que ser feito para recuperar tanto tempo de atraso, estão e irão cada vez mais modificar as relações de consumo no Brasil. Consumidores com maior poder aquisitivo, mais preparados, com menos tempo, com famílias menores, enfim, consumidores diferentes do que tínhamos apenas há dez anos atrás. As empresas precisam incorporar estas mudanças em seus produtos, nos seus processos, nas suas lojas, em seus canais de distribuição, no atendimento, enfim em todas as interfaces com o consumidor.

Contra números não há argumento. O Brasil não mudou apenas no discurso ou na sensibilidade. Mudou para valer e nada indica que este rumo venha a ser modificado a médio ou a longo prazo. Portanto, mãos à obra!

Luiz Goes (lgoes@gsmd.com.br), sócio-sênior da GS&MD – Gouvêa de Souza

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