segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O Brasil na boca do povo

Durante a 18ª edição da Conferencia Anual de Varejo do Goldman Sachs, que aconteceu em Nova York na semana passada, Doug McMillan, presidente e CEO do Walmart International, mencionou o Brasil 38 vezes em uma apresentação de 45 minutos, ao detalhar as estratégias do maior varejista do mundo para sua expansão e como ampliar a participação dos negócios internacionais no conjunto do faturamento do grupo.

Imaginando que em apresentações desse tipo todos os detalhes são pensados e que, apesar da data, não se pretendia fazer uma homenagem ao país, a repetida menção ao Brasil, quase uma a cada minuto, tem um significado especial e marcante. Da mesma forma em todas as conversas paralelas que ocorreram durante esses dias do evento.

A situação brasileira, consistente em seu crescimento baseado no consumo interno, desperta um sentimento híbrido de inveja, em especial para os norte-americanos; e de alguma preocupação, pela continuidade de seu comportamento nos últimos anos, interrompida apenas no último trimestre de 2008 e no primeiro trimestre de 2009, quando o governo brasileiro teve que entrar em campo para resgatar a confiança abalada por conta da crise global, internalizada e amplificada pela imprensa local.

No presente momento, a continuidade do crescimento da renda, do emprego e da oferta de crédito, tornada mais interessante pela recente redução da taxa Selic, encontra um consumidor disposto a comprar mais, em especial duráveis e semiduráveis, porém um pouco mais preocupado pelo futuro de longo prazo, como apurado pela pesquisa do Índice de Confiança do Consumidor. Esse comportamento é mais facilmente percebido nos segmentos de maior poder aquisitivo, principal consumidor da mídia, que absorve mais diretamente o difícil cenário internacional.

Esse sentimento de admiração pelo mercado brasileiro e seu potencial de crescimento e evolução foi também destacado em algumas outras palestras, quando foram mencionados planos de expansão de corporações varejistas globais, sendo que para os que já estão presentes no mercado a ênfase é ampliar participação. Os que ainda não estão citam o país como uma oportunidade a ser mais analisada e eventualmente aproveitada. Em especial as empresas de origem européia que participaram do evento, marcadamente concentrado em empresas com controle nos Estados Unidos.

A semana foi marcada pelo feriado do 7 de Setembro na quarta-feira; pelo pronunciamento do presidente Barack Obama, apresentando na quinta-feira seu plano de estímulo ao emprego e à economia, orçado em US$ 447 bilhões; e, ainda, pela recordação dos dez anos dos atentados de 11 de Setembro, no final de semana passado. Esses últimos dois temas fazem emergir um comportamento de consumo muito mais cauteloso para o consumidor norte-americano. Porém nas avenidas e lojas de Nova York destacava-se a presença de brasileiros, em verdadeira febre consumista, aproveitando os preços sensivelmente mais baixos que são encontrados no mercado, o que torna o português uma língua quase tão falada quanto o espanhol na cidade.

Outros atrativos que fizeram aumentar a presença brasileira foram a Semana da Moda que se realiza na cidade; o torneio de tênis US Open; e mais, na quinta-feira, a promoção de um grande evento também ligado à moda, que começou em 2009 em Nova York e no qual as lojas permanecem abertas até às 23 horas, oferecendo atrações, shows, desfiles e, principalmente, condições especiais de vendas, que podem chegar até 40% de desconto para os produtos da nova estação, no lançamento das novas coleções. Mais um motivo para juntar brasileiros aproveitando o momento e vivendo intensamente essas oportunidades.


Marcos Gouvêa de Souza (mgsouza@gsmd.com.br), diretor-geral da GS&MD – Gouvêa de Souza 12-09-2011

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